my Past, my Future, my Disease
A mesma mesa de café. Um cinzeiro repleto de beatas e mais uma vez a solidão.
As cadeiras são todas ocupadas:
Por pares, casais enamorando-se ou simples amigos; trios, que vêm para conversar sobre as notícias correntes até à exaustão e, ficando sem assunto, falam, como que por obrigação ou suplício, do tempo e de como o aquecimento global o tem alterado.
E eu?
Paladino cristão imbuído do espírito assassino da cruzada, sou deixado só entre os infiéis, que são mais que muitos, e vou travando uma incessante batalha com a minha mente para manter a sanidade.
Várias analepses vai invadindo a memória já velha e “futurizações” dão-se sobre o fim.
The end, is this the end? My only friend, the end?
Quantos anos já gastei eu aqui?
Os donos desta propriedade efémera de vida boémia já por três vezes mudaram.
E este lugar continua a ser frequentado há já meio século pelos mesmos clientes. Fidelidade? Talvez se sintam bem aqui…
E eu?
Memórias. De todos os que por aqui deixaram as suas (in)visíveis marcas e cujas vidas foram apagadas demasiado cedo.
Fim de prolepse!
Mais uma “varona” depositada no já apinhado cinzeiro.
Mais uma vida que teima em não ter fim.
O tempo passa e nada muda, nada leva com ele e nada de novo acrescenta.
Haverá realmente um propósito para cada um de nós?
E eu?