Sunday, December 16, 2007

my Past, my Future, my Disease


A mesma mesa de café. Um cinzeiro repleto de beatas e mais uma vez a solidão.

As cadeiras são todas ocupadas:

Por pares, casais enamorando-se ou simples amigos; trios, que vêm para conversar sobre as notícias correntes até à exaustão e, ficando sem assunto, falam, como que por obrigação ou suplício, do tempo e de como o aquecimento global o tem alterado.

E eu?

Paladino cristão imbuído do espírito assassino da cruzada, sou deixado só entre os infiéis, que são mais que muitos, e vou travando uma incessante batalha com a minha mente para manter a sanidade.

Várias analepses vai invadindo a memória já velha e “futurizações” dão-se sobre o fim.

The end, is this the end? My only friend, the end?

Quantos anos já gastei eu aqui?

Os donos desta propriedade efémera de vida boémia já por três vezes mudaram.

E este lugar continua a ser frequentado há já meio século pelos mesmos clientes. Fidelidade? Talvez se sintam bem aqui…

E eu?

Memórias. De todos os que por aqui deixaram as suas (in)visíveis marcas e cujas vidas foram apagadas demasiado cedo.

Fim de prolepse!

Mais uma “varona” depositada no já apinhado cinzeiro.

Mais uma vida que teima em não ter fim.

O tempo passa e nada muda, nada leva com ele e nada de novo acrescenta.

Haverá realmente um propósito para cada um de nós?

E eu?

Wednesday, August 15, 2007

(In)consciência

E as nuvens brancas onde estava, rodeado de celeste azul transformam-se agora num pestilento e cavernoso cinzento.

Os Deuses do Olimpo, quiçá em sintonia, choram também.

Mas não por mim. Pois eu sou apenas mais um. Sofredor e perdedor nestas batalhas romanescas do amor.

E eis que me sentia Alice no seu País das Maravilhas e agora me revejo em Ícaro.

Tal como o filho de Dédalo, também eu, ao tentar escapar do labirinto da realidade, vi as minhas asas, que não sabia frágeis, serem queimadas enquanto me aproximava da luz extasiante do meu Sol.

Aquando da queda nada se partiu excepto o órgão que por alturas destas menos necessito. E que ele pare de bombear o sangue das emoções a ele eu ordeno!

Não mais quero sentir. Não mais quero derramar lágrimas. Não mais.

Quoth the raven: - Nevermore!

Friday, August 3, 2007

Diálogos Com O Subconsciente – Tormenta

Lentamente, enquanto vai sendo queimado o cigarro que saboreia, tenta escrever.

O quotidiano citadino quer o mata, quer o diverte.

Possuidor de olhos rudimentares, vê para além das criaturas que na metrópole se degladeiam por estados espiritualmente superiores.

Ah! A eterna busca da nunca encontrada e nunca subserviente felicidade. Aquela que se desgasta num ápice equivalente a micro-segundos e nos escapa por entre os dedos.

- ‘ E depois? ’

- Depois as lágrimas. Como a água que jorra da cascata!

Observando realmente os seres pensantes, alcunhados de racionais e Humanos compreende que não está só. Apenas as crianças, ainda desprovidas de consciência, não procuram algo.

- ‘ Mas o quê? ‘

- Ah! Se cada um de nos soubesse… Se soubesse sequer onde procurar…

E o vazio volta a invadi-lo. Uma sensação familiar de desconforto e inquietação.

- ‘ O que podemos fazer por ti? ‘

- Deixar-me partir…