Sunday, December 16, 2007

my Past, my Future, my Disease


A mesma mesa de café. Um cinzeiro repleto de beatas e mais uma vez a solidão.

As cadeiras são todas ocupadas:

Por pares, casais enamorando-se ou simples amigos; trios, que vêm para conversar sobre as notícias correntes até à exaustão e, ficando sem assunto, falam, como que por obrigação ou suplício, do tempo e de como o aquecimento global o tem alterado.

E eu?

Paladino cristão imbuído do espírito assassino da cruzada, sou deixado só entre os infiéis, que são mais que muitos, e vou travando uma incessante batalha com a minha mente para manter a sanidade.

Várias analepses vai invadindo a memória já velha e “futurizações” dão-se sobre o fim.

The end, is this the end? My only friend, the end?

Quantos anos já gastei eu aqui?

Os donos desta propriedade efémera de vida boémia já por três vezes mudaram.

E este lugar continua a ser frequentado há já meio século pelos mesmos clientes. Fidelidade? Talvez se sintam bem aqui…

E eu?

Memórias. De todos os que por aqui deixaram as suas (in)visíveis marcas e cujas vidas foram apagadas demasiado cedo.

Fim de prolepse!

Mais uma “varona” depositada no já apinhado cinzeiro.

Mais uma vida que teima em não ter fim.

O tempo passa e nada muda, nada leva com ele e nada de novo acrescenta.

Haverá realmente um propósito para cada um de nós?

E eu?